Aceitar Erros Favorece Sua Solução: A Importância Do Teste

Atualmente, em uma economia marcada por mudanças aceleradas e pelo avanço de tecnologias disruptivas, é muito comum ver a ascensão exponencial de startups que revolucionam o mercado, a exemplo do NuBank, fintech que recentemente ultrapassou a marca de 10 bilhões de dólares de valor de mercado. Ao mesmo tempo, é natural que a mentalidade do mercado não amadureça de primeira sobre a importância do feedback constante e a realidade que aceitar erros favorece a solução, principalmente no planejamento inicial.

Contudo, apesar desse cenário frenético e motivador, essa não é a realidade da maioria das startups que começam um novo negócio: segundo estudo realizado pela aceleradora Startup Farm, que abrangiu cerca de 30% das startups aceleradas no Brasil desde 2011, 74% das startups brasileiras fecham após cinco anos de existência. Infelizmente, essa é a realidade dominante, já que muitas vezes faltam investimentos, as empresas não acham o seu nicho ideal de mercado ou os clientes simplesmente não estão dispostos a pagar pelo serviço ou produto que elas estão oferecendo.

Por que isso acontece?

No final das contas, a maioria dos fracassos dessas organizações acontece por causa da falta de validação de ideias, que muitas vezes não passam de hipóteses. Um exemplo claro disso foi o lançamento do Segway, aquele meio de transporte de duas rodas que muitos seguranças de shoppings usam atualmente. Durante o processo de criação do Segway, ele permaneceu desconhecido pelos clientes, o que os inventores pensaram que iria ajudar na estratégia de marketing desse produto.

Nesse sentido, o fato de ninguém ter usado o Segway antes de seu lançamento implica dizer que não houve sequer um feedback acerca da sua qualidade e da sua utilidade. Dessa forma, a validação é algo de extrema importância para diminuir os riscos de fracasso de um produto, e consequentemente, de uma empresa. Então, qual a melhor forma de aumentar as chances de sucesso de um produto, e obter feedbacks o mais rápido possível antes de necessariamente lança-lo no mercado?

Foi pensando nisso que Eric Ries criou a teoria da Startup Enxuta, que tem como objetivo aumentar as chances de um produto dar certo, por meio da aplicação de ciclos contínuos de feedbacks, que são iterações nas quais o time de desenvolvimento constrói um protótipo, mede o seu desempenho e aprende sobre ele, para, assim, poder aplicar as melhorias necessárias.

Startup Enxuta. Aceitar erros favorece sua solução.

CONSTRUIR

Primeiramente, ciclo começa com a construção de algo, que não é o produto final. Dessa forma, se é possível avaliar o desempenho de uma solução antes de desenvolvê-la por completo, porque deixar para depois? Que será quando muito dinheiro e tempo foram investidos. Então, lembre-se: o objetivo final de todo esse processo é diminuir as chances de fracasso, logo, quanto mais cedo soubermos o que não funciona, mais fácil será para consertar.

Assim, é necessário ter um protótipo, que nada mais é do que uma versão limitada e reduzida da solução final, ou seja, é um experimento. Nesse sentido, o ideal é que alguma parte da solução final seja desenvolvida, podendo ser uma funcionalidade específica ou o fluxo que o usuário irá percorrer; o importante é focar no que se deseja construir.

Um exemplo prático do uso de protótipos é o caso de uma startup chamada Slack, que queria desenvolver uma forma de explicar para os seus usuários como navegar pelo aplicativo. Assim, ao invés de pedir para os programadores criarem a solução completa, eles decidiram criar apenas as telas que os usuários iriam ver, sem desenvolver uma linha de código. Isso permitiu que eles tivessem a concretização de uma parte da solução final, sem necessariamente criar algo totalmente completo.

Mas como saber o que dá certo e o que dá errado em um protótipo?

MEDIR

Posteriormente, para entender como avaliar e mensurar o desempenho de um protótipo, é necessário que existam métricas de sucesso. Por isso, as métricas podem variar bastante de acordo com o produto a ser desenvolvido, mas o importante é que elas forneçam uma forma de quantificar a performance daquela solução.

Muitas vezes, as métricas quantificam algum comportamento dos usuários ao navegar pelo produto, por exemplo, quantas pessoas clicaram no botão play ou quantas pessoas saíram do aplicativo antes de completar a tarefa principal. Assim, para poder coletar esse comportamento dos clientes, o mais comum a se fazer é testar o protótipo por meio dos testes de usabilidade.

Ainda usando o exemplo do Slack, imagine que os usuários testaram o protótipo. Nesse contexto, para que a equipe entenda se aquela solução está no caminho certo ou não, ela vai ter que usar as métricas como critério de avaliação da performance daquele produto. Assim, um exemplo de critério ou métrica é a quantidade de clicks que o botão de ajuda teve. Dessa forma, caso a quantidade seja muito alta, os desenvolvedores podem concluir que a solução não está intuitiva e que os usuários ainda têm dificuldades em usá-la.

APRENDER

Por fim, a última fase do ciclo é aprender, o que Eric Ries chama em seu livro “A startup enxuta” de aprendizagem validada. Assim, após a construção do protótipo e a aplicação das métricas de sucesso, é necessário tirar uma conclusão final: vai ser necessário mudar algo nesse produto? Se sim, vai valer mais a pena criar um novo produto ou fazer um novo ciclo iterativo em cima desse já existente?

Nesse contexto, a definição desses planos de ação normalmente fica a cargo do Product Manager (PM), que é o cargo responsável pela visão e estratégia daquela solução. Afinal, essa é a parte mais crítica de todo o ciclo, porque não adianta criar um protótipo e estabelecer métricas se no final nenhuma atitude será tomada, portanto é fundamental que todo esse ciclo de feedback seja contínuo. De toda forma, esse é um dos momentos que fica evidente a importância de acertar erros para sua solução.

Um exemplo de aprendizado validado seria se, após avaliar o teste de usabilidade feito com o protótipo, o PM do Slack decidisse que o próximo passo a ser tomado seria reavaliar a simplicidade da solução e focar no desenvolvimento de um novo protótipo mais simples e intuitivo. Desse modo, a aplicação do ciclo permitiu que a equipe aprendesse algo sobre o produto, antes de lança-lo. Agora imagine se a equipe do Slack tivesse construído a solução completa e imediatamente a lançado no mercado.

É preciso entender que aceitar erros favorece sua solução

Dessa maneira, a aplicação da teoria da startup enxuta e dos ciclos contínuos de feedback pode ser uma maneira extremamente eficaz de aumentar as chances de sucesso de novas startups que têm o desejo de mudar a vida das pessoas com seus produtos. Para isso, a mentalidade das pessoas precisa estar aberta a erros, já que é natural que em todo esse processo hajam falhas: o importante é errar o mais cedo possível, aprender sobre isso e implementar planos de ação para consertar o que não deu certo.

“Errei mais de 9.000 cestas e perdi quase 300 jogos. Em 26 diferentes finais de partidas fui encarregado de jogar a bola que venceria o jogo… e falhei. Eu tenho uma história repleta de falhas e fracassos em minha vida. E é exatamente por isso que sou um sucesso. ”

Michael Jordan

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